Em 1857, a sociedade Montravel,
Silveiro & Cia. fundou às margens do arroio Forromeco, em terras cedidas
pelo governo geral, a colônia de Santa Maria da Soledade (São Vendelino) e as
terras dos demais distritos: Barão, Carlos Barbosa e Harmonia, foram divididas
entre três sócios.
Em 1857, a poetisa e escritora Madame
Marie Barbe Antoinette Rutgeers Van Langendonck, natural da Bélgica, veio ao
Brasil, junto com seus dois filhos, indo morar em São Vendelino. O filho
mais velho havia sido contratado para medir os lotes da colônia e a madame acompanhou
a família, cheia de esperanças, pois viria a ser proprietaria de uma floresta
virgem, com onças, leões e cobras. Em 1860 retornou à Europa. Na França,
escreveu um livro narrando as emoções vividas no Rio Grande do Sul.( LANGENDONCK,p.114)*
Ainda em 1857, sob a direção de Eugênio de la Rue foi fundada a colônia da
Piedade.(PELLANDA,p.122)** Era o mesmo diretor que em 1861 dirigia a fundação de São
Vendelino(PELLANDA ,p.123)*** e Schweizerthal. (PELLANDA ,p.122-123)
Em 02 de
maio de 1875 o Estado encampou a colônia, que era dividida em 4 Distritos:
Silveiro, Barcellos, Coelho e Montravel, passando as terras novamente ao
domínio do governo imperial. À época, a colônia contava com 2.034 habitantes,
dos quais 1.043 eram brasileiros, 36 franceses, 131 holandeses, 16 belgas, 746
alemães, 14 italianos e 48 suíços.(CAMPOS
NETTO, p.53 e 105)
Consoante
Pellanda, a colônia encampada, com suas divisas: ao Sul, com o arroio Santa
Clara (Distrito Silveiro); arroio Forromeco e fundos de Picada Feliz (Distrito
Barcellos); Distrito Coelho ao Norte; e Distrito Montravel (São Vendelino), se
encontrava dividida em 340 lotes, somados aos 68 lotes do território fundos de
Nova Palmira (com 690 habitantes), totalizava 408 lotes, com uma população de
2.724 habitantes, predominando sempre o elemento germânico e seus descendentes,
somando 1.827 católicos e 897 protestantes.(PELLANDA ,p.129)
Conforme Campos Netto, no
ano de 1867, o distrito de Santa Maria da Soledade (São Vendelino) contava com
26 alunos matriculados na escola, onde o imigrante Grunitzky**** exercia a
função de professor público.(CAMPOS
NETTO, p.488)
"A
Escola de Bom Princípio foi criada em 12 de outubro de 1867, consoante Lei
Provincial nº 607. Em 1869 o seu quadro de professores era composto por: Maria
J. Da Silva Machado – Montenegro – 30 alunos; Frederico Otto Grunitzky – Nossa
Senhora da Soledade – 26 alunos; Catharina Schell – Bom Princípio – 29 alunos".
Em 1890, São Vendelino foi desafixado
de Montenegro e anexado a São Sebastião do Caí passando a destinar os seus
impostos ao novo município. À época, o armazém onde os imigrantes faziam as suas compras era a Venda de Secos e
Molhados de Eisenbarth .(GANSWEIDT, p.18 e 43)
Em 08 de fevereiro de 1894, em virtude
da nova Estatística do Estado, o
município de Montenegro foi dividido em quatro distritos: São João do
Montenegro, Brochier, Harmonia e São Vendelino.(CAMPOS NETTO, p.252)
A sede do 5º Distrito permaneceu em
São Vendelino até 11 de junho de 1897, quando foi transferida a Bom
Princípio.
“Em
1890, Conde D'Eu (Garibaldi) era o 7º distrito de Montenegro. Suprimido esse distrito, com
a criação do município de Garibaldi, só em 1º de setembro de 1903, foi
restabelecido, dando-lhe por sede São Vendelino, que ainda conserva” (em
1924). (CAMPOS NETTO, p.455)
Exerceram as funções de subintendentes do 7º Distrito, em Santa Maria da
Soledade: Pedro Oppermann, (1903-1910) e Wenzel Wartha (1910- 1924).***** (CAMPOS NETTO, p.456)
A denominação São Vendelino deve-se à origem de
grande parte de seus pioneiros imigrantes, que migraram da cidade alemã de
“Sankt Wendel”, que fica próximo a Tier, no Estado de “Saarland”, ao sudoeste
da Alemanha, fronteira com a França. A cidade de Sankt Wendel tem vales e
morros, semelhantes aos da subida da serra gaúcha.
Desde sua emancipação São Vendelino, o “pequeno
paraíso”, e “Sankt Wendel” da Alemanha, cidades coirmãs, firmaram um convênio
de intercâmbios culturais com seus moradores.
O município emancipou-se de Bom Princípio no dia 29 de abril de 1988 e teve como primeiro
prefeito Jair Baumgratz e vice-prefeito Celestino Schneider. O dialeto falado
pelos moradores da região é o “Riograndenser Hunsrückisch”.
São Vendelino realiza
anualmente a Kerbfest, uma festa familiar teuto-brasileira.
* LANGENDONCK, p.114:“O futuro dos
filhos estava quase sendo assegurado: o caçula ia casar com uma jovem alemã
que, espero, me substitua junto a ele. O mais velho tinha a perspectiva de se
ocupar em uma delimitação de terrenos virgens durante meses, talvez durante
dois anos, de maneira que, não sendo minha presença indispensável nem para um
nem para outro. Ocupei-me seriamente com minha partida [...]”.
**
PELLANDA, p.122: Os primeiros moradores de Piedade foram: Jacob Joner, João
Luft, João Carard, Alberto Wiederkebes e Rodrigues da Fonseca.
***
PELLANDA, p.123: São Vendelino teve como iniciadores: João Felippe Scheid,
Antonio Gassmann, Antonio Ludwig, Nicolau Lermann e Nicolau Neis e logo em
seguida, vieram os colonos Adam Mensche, Peter John, Peter Stewernagel,
Johannes Schneücker, Thomaz Ebert e Peter Auth. Schweizerthal teve seu início
com os seguintes moradores: Antonio Andrioli, Xavier Angst, João Jegli e
Felippe Engers.
**** Arquivo Histórico da Cúria
Metropolitana de Porto Alegre AHCHPA,
livro 1 fl. 36, certidão de 11/09/1883, Igreja de São José do Hortêncio/RS.
Otto Frederico Grunitzky era casado com Margaretha Bach, em 1883, um dos seus
filhos, Jeseph, casou-se com Maria Titton Dietrich (filha de Agostinho e
Antônia Rotta), na Igreja de Feliz. Cerca de vinte anos depois, dois netos de Grunitzky contraíram núpcias
com as duas filhas dos austríacos Wenzel Wartha e Khetrin Kellner (Wenzel era
filho de José Wartha e Anna Catharina Festner e Khetrin, era filha de Miguel
Kellner e de Maria Dörfler), meus bisavós e trisavós maternos, respectivamente.
Obs.Otto Frederico Grunitzky, nasc.em 1823 (*1874 cat. SL ob. 1-167), polonês, filho de Caspar e Johanna Hübner (meus tataravós), era casado com Margretha, filha de Andreas Johannes e Gertrudes Schütz, todos de Theley/Alemanha.
***** CAMPOS NETTO, p. 323: Wenzel
Wartha foi eleito com 2.382 votos, pelo
eleitorado republicano.
SÃO VENDELINO
Rosa Maria
B. Kaspary
Cidade cercada por altas montanhas
Micro paraíso recanto de paz.
As águas que cortam o centro ao meio
São do Forromeco arroio de histórias.
Na entrada se avista um cartão postal
Parece a Alemanha divina espelhada
Na irmã “Sankt Wendel” do Estado de “Saarland”
Que firmou convênio com São Vendelino.
A estrada RS Cento e Vinte e Dois
Ladeia os morros Canastra e Diabo
Os carros que passam nas curvas sinuosas
Roncando se afastam voltando o silêncio.
Os dardos de sol refletindo nos morros
Se juntam aos ecos das notas dos cantos
Entoados à noite pelos imigrantes
Cheios de saudade da terra querida.
Rosa Maria B. Kaspary
Pesquisadora e poetisa
Rosa Maria, ola, podes me dizer se teve alguem da familia Bof/Boff no inicio do povoado? Seria alemães/italianos estou a procura das raizes da minha familia meu bisavo era Angelo Boff casado com Maria Bilesimo Boff, se tiver alguma informação agradeço muito - zdinacir@gmail.com- grata.
ResponderExcluirDenacir Teresa Zanandrea/Curitiba/Parana - (41) 99766.4696.
Boa noite, Denacir! Consultei o meu acervo pessoal e nada encontrei referente vinda dos imigrantes "Boff" ao Brasil, bem como no livro dos Cemitérios Alemães... Em outras referências, verifiquei a vinda de "Boff" com suas esposas italianas, Folle, Brambila, Poletto...Alguns foram morar em Caxias do Sul, Maquiné etc, porém sem maiores detalhes. Um abraço. Rosa Maria
ResponderExcluirBoa tarde Rosa Maria você saberia me informar como posso verificar a divisão ou aquisição das terras para as famílias daquela época na área de Santo Antônio dó Forromeco estou pesquisando sobre a família Haas (Franz Haas vindo da Áustria naquele período) ele casou-se ou veio casado com Anna Glazmann e estou buscando informações deste casal e creio que possa ter alguma informação no registro de terras pois na Curia de Porto Alegre não há, já estive pessoalmente lá. Se puderes me orientar t3 agradeço meu e-mail é marcianutric@gmail.com
ResponderExcluirhavia “Haas” em Linha Catarina (Brochier),“Linha Nova Alta” (Feliz)...
ResponderExcluirAtt. Rosa Maria (meu e-mail: rosaambk@gmail.com)
ResponderExcluirOlá Márcia! Dentro das minhas possibilidades, realizei buscas dos nomes acima referidos e nada localizei. Você relatou, que nada encontrou na MITRA/POA. Constatei, que os “Haas” eram Evangélicos e na MITRA tem somente registros de Igrejas Católicas (havia “Haas” em Linha Catarina (Brochier),“Linha Nova Alta” (Feliz)... Você poderá obter maiores informações, sobre aquisição de terras e entrada de imigrantes “Austríacos”, nos Livros de Registros do Arquivo Histórico do RS, fica no centro de POA, na praça da Alfândega, no acervo do Banco Santander, com hora marcada (já pesquisei em livros de aquisição de lotes pelos pioneiros italianos daquele acervo). Com o nº da matrícula do imóvel, há possibilidade de conseguir certidão no INCRA/POA. Boa sorte na pesquisa. Rosa Maria. Queria te agradecer Rosa Maria por me ajudar nesta pesquisa, que acabei descobrindo que os Haas que são meus antepassados sao de origem Suiça, e a esposa que veio a usar o sobrenome Haas sim essa era nascida na Austria.
ExcluirOlá Rosa Maria, parabéns pela pesquisa. Gostaria de ver se tens registro da família Ost. Pessoas vinculadas a família: Johann Ost e sua esposa Maria Oppermann
ResponderExcluirOlá Duglas Franzen! Nos livros relacionados à Imigração alemã (1824-1853) não há relação de Ost. No exemplar das Colônias alemãs localizei os nomes pretendidos: Johann Ost, nascido em 15/10/1849, Servia (fal. 30/11/1929 - Bom Princípio), filho de Peter Ost e Johanna Fries. Era casado com Maria Katharina Oppermann (09/10/1852 - 11/05/1928-Bom Princípio). Filhos João e Margaretha. Não disponho de mais detalhes. Boa sorte na pesquisa.
ResponderExcluirOlá, gostaria de algumas informações de meus antepassados que viveram nesta região. São eles: Georg Freisleben, origem Boemia, casado com Maria Festner, com os filhos Georg Filho, Maria, Anna, Josef, Katharina. Com um segundo casamento com Anna Bpck teve outros 5 filhos sendo: Francisco José, Carlos, Miguel, Paulina e Maria Tereza. Chegaram no Rio de Janeiro em 13/01/1886. Em Porto Alegre m 24/01/1886 e em 25/01/1886 seguiram p/ as colonias.
ResponderExcluirProvavelmente, esses imigrantes passaram por S.Vendelino. No Livro dos Cemit. das Colonias Alemãs consta Maria Thums “Freisleben” (obito 1935 em S.V.), porém sem referência ao cônjuge. Filina Catharina, filha de Jorge Freisleben e de Catharina, casou-se com Albino Neis, em 1929, em S.V. Neis faleceu em 1941, em Roca Sales (cidade onde têm muitos Freisleben). Para seguir na pesquisa, o ideal seria solicitar uma Certidão de óbito de inteiro teor ao cartório Maria de L. Bordinhão, de Barão/RS (é o Cartório mais antigo da região) e-mail: cartoriomariadelourdes@gmail.com, referente ao casal (Georg e Maria), ou ainda, pedir certidão à Mitra diocesana de Poa: arquivo@arquipoa.com Boa sorte na pesquisa.
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