Em 1909, o médico Gabriel Schlatter,
imigrante austríaco, nascido em 1865, comprou o prédio onde funcionava um
armazém colonial, ao pé do “Morro das Batatas” (Feliz). Após devidamente adaptado,
inaugurou ali a sua casa de saúde “Hospital da Feliz do Cahy”, que anos depois passou a chamar-se de Hospital Schlatter. Durante alguns anos era o hospital
mais próximo da região serrana (Farroupilha, Caxias, Garibaldi, Bento e
Veranópolis).
Ressalta-se, a significativa presença dos frades capuchinhos nas colônias italianas
da serra gaúcha, que além da evangelização, atendiam aos doentes a domicílio,
numa época em que o povo carecia de profissionais da saúde na região. Em 1896,
Frei Bruno, de 35 anos e Frei Leão com 27 anos de idade, vieram da França. No Brasil, passaram por uma
série de aprendizados, a fim de se adaptarem ao novo ofício, dentre eles a
equitação, para enfrentarem as longas cavalgadas do cotidiano. Numa carta
escrita aos familiares o Frei Bruno relata, que:
“São
viagens longas, às vezes até dois ou três dias a cavalo, feitas de dia e de
noite, com qualquer tempo: calor, frio, chuva [...] a morte não espera! Deve-se
ir aos lugares mais inacessíveis, às vezes deixar o cavalo e ir a pé quase
engatinhando por picadas e atalhos pelas matas. Outras vezes a dificuldade
surge de um riacho; é preciso então soltar o cavalo e a pedradas afugentá-lo,
até que alcance a margem oposta; depois atravessamos nós também o rio ou por
sobre um tronco de árvore formando uma ponte provisória ou então em frágil
canoa. Contudo, as fadigas destas viagens são largamente recompensadas, pela
gratidão dos pobres doentes que, chorando de alegria, nos cobrem as mãos de
lágrimas e beijos”. (D’APREMONT e GILLONNAY, p. 99-100)
Entre 1910 e 1920, o farmacêutico
Dionísio Cibelli inaugurou sua pequena farmácia na Vila Nova Vicenza
(Farroupilha), onde anos depois o médico Dr. Jayme Romeo Rössler instalou o 1º
Hospital de Farroupilha, com o nome de Hospital Rössler. Durante décadas exerceu a sua
profissão naquele local.
Em 1913, em Caxias do Sul, foi criada
a “Associação Pio Sodalício das Damas de Caridade”, que deu origem ao Hospital
Pompéia.
Em 1927, em Bento Gonçalves, foi
instalado o Hospital Dr. Bartholomeu Tacchini.
Em 15 de
fevereiro de 1931, em São Leopoldo, foi inaugurado o Hospital Centenário,
criado para atender os feridos da Revolução Farroupilha (sua pedra fundamental
foi lançada em 1924, nas comemorações do centenário da imigração alemã).
Em 1931,
em Caxias do Sul, foi instalado o Hospital Santo Antônio, atual Hospital da
Saúde, administrado à época pela Congregação das Irmãs de São Carlos.
Em 1931, em Bom Princípio, foi
construído o Hospital São Pedro Canísio IV, erguido com o esforço da
comunidade, em sistema de “mutirão”, e, com a contribuição “monetária” das
entidades da região.*
Em 1933 foi fundado o Hospital Beneficente São Pedro de Garibaldi.
Em 1934, em Farroupilha, foi instalado
o Hospital Beneficente São Carlos, administrado pelas Irmãs de São Carlos.
Em 1937, em São Sebastião do Caí, foi
inaugurado o Hospital Sagrada Família, administrado pela Congregação das Irmãs
de Santa Catarina.**
Em 1937 foi criado o Hospital Regina
de Novo Hamburgo, administrado pela Congregação das Irmãs de Santa Catarina.
Em 1957, em Caxias do Sul foi
instalado o Hospital Nossa Senhora de Fátima, também chamado de Hospital Dr.
Virvi Ramos, ou Hospital Escola da Universidade de Caxias do Sul.
* A obra do Hospital São Pedro Canísio
IV, um prédio estilo “neogótico”, à época
considerada uma obra fenomenal. O hospital, inicialmente foi
administrado por freiras e seu primeiro médico foi o Dr. Júlio Hegedus,
imigrante alemão.
**
Nota: Regina Protmann, fundadora da Congregação das Irmãs de Santa Catarina,
nasceu em 1552, em Braunsberg, Diocese da Ermlándia (atual Polônia), faleceu em
1613 e foi beatificada em 13 de junho de 1999.
Rosa
Maria B. Kaspary
Pesquisadora
e poetisa
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