sexta-feira, 12 de setembro de 2014

São Sebastião do Caí - RS (Cahy) .

                               
São Sebastião do Caí emancipou-se de São Leopoldo, no dia 01 de maio de 1875, para receber as levas de imigrantes italianos, que, à época, cruzaram o Oceano Atlântico para estabelecerem-se nos fundos de Nova Palmira (Caxias e Farroupilha), devido ao seu porto ser o último atingível por “vapores”, na região do vale do Caí.
Frisa-se que, antes de 1864 São Sebastião do Caí pertencia a Porto Alegre e com a emancipação de São Leopoldo (Feitoria do Linho Cânhamo) passou a pertencer ao novo município. São Leopoldo foi fundado em 25 de julho de 1824, para recepcionar os imigrantes alemães, que passaram por Porto Alegre, navegaram pelo Rio dos Sinos até o porto das Telhas e somente 22 anos depois, no dia 12/04/1864, foi emancipado (Lei 563/64). 
[...]
Entre 1875 a 1890, o atual município de Caxias do Sul permaneceu ligado a São Sebastião do Caí. O porto do Guimarães, construído para recepcionar os imigrantes italianos, foi uma estratégia política acertada, pois do contrário os transeuntes teriam que enfrentar uma jornada de cerca de 100 quilômetros: do porto do Rio dos Sinos de São Leopoldo, ou do porto de Montenegro, até Farroupilha, ou até Caxias do Sul, uma caminhada extremamente cansativa. A grande distância também iria dificultar o transporte dos mantimentos, dos portos às colônias serranas, bem como o escoamento da safra.
Em 1906 foi concluída a obra da barragem Rio Branco, para manter o nível das águas em elevação suficiente, permitindo condições navegáveis ao longo do trecho, compreendido entre o porto do Guimarães e a capital do Estado, mesmo nos períodos de pouca água. Com a eclusa, São Sebastião do Caí tornou-se uma localidade, cheia de vida, com filas de carretas nas proximidades do porto, ocupando, por vezes, mais de uma quadra da rua, próximo aos armazéns. No porto, quatro vapores movidos à roda, rebocando lanchas e “chatas”, faziam regularmente o transporte de passageiros para a capital do estado e após, retornavam ao Guimarães.(MASSON, p. 107-108) (*1)
Em 29 de junho de 1890, o território caxiense foi desanexado de São Sebastião do Caí, que havia conservado durante 49 anos (MASSON,p.83)(*2) a mesma área territorial. Somente em 30 de junho de 1940 suas delimitações foram novamente alteradas, quando a área foi distribuída em 09 distritos, ficando no 1º Distrito a  Sede; 2º  São José do Hortêncio (emancipou-se em 20/12/1988); 3º Nova Petrópolis (emancipou-se em 07/07/1955); 4º Capela de Santana (emancipou-se em 08/12/1987); 5º Feliz (emancipou-se em 17/02/1959); 6º Santa Rita (anexado a Canoas em 1939); 7º Santa Lúcia (anexado a Caxias do Sul); 8º Portão (emancipou-se em 09/10/1963) e 9º Distrito Nova Palmira, dividido e anexado a Caxias e Feliz.(*3)
O município de Bom Princípio emancipou-se em 12 de maio de 1982 e São Vendelino em 29 de abril de 1988. Em 1959 foi criado o município de Estância Velha, que também levou uma parte de São Sebastião do Caí, bem como Carlos Barbosa, que foi criado no mesmo ano.
Em 1910, foi inaugurada a viação férrea e em 1911 a estrada Júlio de Castilhos, ligando Porto Alegre a região Norte do Estado.
Em 1912 Antônio Jacob Renner instalou a Indústria Fabril A.J.Renner no município,(*7) que muito contribuiu com o progresso da cidade.
[...]
No dia 09 de agosto de 1875, a Comarca do foro de Montenegro foi transferida para São Sebastião do Caí, com o nome de São João do Cahy e teve como primeiro Juiz de Direito o Dr. Joaquim Birnfeld. No dia 18 de julho de 1889 a sede da Comarca mudou-se a Montenegro e no dia 11 de janeiro de 1901 foi criado um foro definitivo para a Comarca de São Sebastião do Caí, que teve como primeiro Juiz de Direito o Dr. Carlos Thompson Flores e Promotor de Justiça o Dr. Epaminondas Brasileiro Ferreira; o segundo Juiz de Direito foi o Dr. Francisco de Paula Leivas Júnior, que inicialmente era substituto da Comarca de Caxias do Sul.
O primeiro intendente de São Sebastião do Caí(*8) foi  Paulino Inácio Teixeira e somente em 1930 foi “nomeado” o primeiro prefeito, Senhor Alberto Barbosa. Em 15 de janeiro de 1936 o povo foi às urnas, elegendo como prefeito o Dr. Egídio Michaelsen.
A excelente localização do município, próximo ao rio Caí e a RS 122, sempre favoreceu o seu desenvolvimento. Nos dias atuais abriga as empresas: Conservas Oderich, Agrosul Agroavícola Industrial, Calçados Usaflex, Delta Frio Indústria de Refrigeração, SGS Polímeros, Leitz Ferramentas para Madeiras e outras.
São Sebastião do Caí comemora anualmente a Festa da Bergamota, no Parque Centenário da cidade.      

(*1) MASSON, p.107-108: Antes da construção da barragem, em épocas de águas baixas, o ponto terminal da linha de navegação do Caí, para os “vapores”, era Maratá, porto na barra do arroio do mesmo nome, à margem direita do rio, um pouco acima da cidade de Montenegro. Dali os passageiros eram transportados para a vila de São Sebastião do Caí em lanchinhas movidas a vapor. 
(*2) MASSON, p. 83: Masson observa que, ao dizermos que o município conservou durante 49 anos a mesma área territorial, significa dizer que “as divisas municipais não foram oficialmente alteradas no referido período. Mas na realidade, a área do município sofreu alterações em diversas épocas, pois as cidades vizinhas de São Leopoldo, Taquara, São Francisco de Paula e Caxias aos poucos se apoderaram de boas porções de território”.   
(*3) S.S.doCaí, disponível em:http://www.sscai.famurs.com.br/omunicipio,consultado em 16/06/14.
(*4) S.S.doCaí, disponível em:www.sscai.famurs.com.br/omunicipio.htmconsultado em 16/06/14.Em 31/03/1938 Montenegro foi dividido em onze distritos: Montenegro, Maratá, Harmonia, Barão, Bom Princípio, Estação São Salvador (Salvador do Sul), São Vendelino, Tupandi, Brochier, Poço das Antas e Pareci Novo.
(*5) Adolfo Oderich, foi a primeira empresa brasileira que dominou as técnicas de conservação de carnes e vegetais enlatados.
(*6) MASSON, p. 28-36-39: As companhias caienses de navegação não possuíam gasolinas, mas sim, vapores, entre os quais, a título de curiosidade, os seguintes: Rio Branco, Maratá, Horizonte, Otto, Caxias e Salvador, os três últimos pertencentes à União Fluvial do Caí Ltda.
(*7) PELLANDA, Ernesto. Colonização Germânica no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, 1925, p.144-146: em 1890 São Sebastião do Caí contava com 560 lotes cultivados, 24 tecelagens, 5 moinhos, 4 engenhos, 7 armazéns, 6 marcenarias, 4 alfaiatarias, 4 ferrarias, 1 curtume e 7 fábricas diversas.
(*8) MASSON, p. 42: Em 1938 o município de São Sebastião do Caí se dividia em oito distritos, cujas denominações foram fixadas pelo decreto-lei nº 7643/1938: São Sebastião do Caí, São José do Hortêncio, Nova Petrópolis, Capela de Sant’Anna, Feliz, Santa Lúcia do Piaí, Portão e Nova Palmira.
Rosa Maria B. Kaspary
Pesquisadora


4 comentários:

  1. Agradecimentos ao exclente material compartilhado e pesquisas incansáveis da autora deste espaço.
    Seria possível idenficar as pessoas que à epoca construírram estas embarcações, fosse vapores e ou similares ?

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  2. Agradeço a sua apreciação! Na íntegra, foi uma pesquisa multidisciplinar, de “fôlego”, dirigida à história da imigração e geografia do vale do Caí. Quanto a procedência dos vapores e chatas, consoante Masson, pertenciam às empresas supracitadas (item 6) bem como a Carlos Guilherme Schilling e Cia Kayser & Erig. À época, Teodoro Moeller era o representante das empresas de navegação. Quanto a procedência dessas embarcações (objeto não específico do meu estudo) não logrei êxito, ou seja, sem menção nas obras consultadas. Talvez o jornalista Renato Klein possa responder mais detalhadamente esses questionamentos, em: historiasvalecai.blogspot.com. Um abraço. Rosa Maria.

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  3. Agradeço a sua apreciação! Na íntegra, foi uma pesquisa multidisciplinar, de “fôlego”, dirigida à história da imigração e geografia do vale do Caí. Quanto a procedência dos vapores e chatas, consoante Masson, pertenciam às empresas supracitadas (item 6) bem como a Carlos Guilherme Schilling e Cia Kayser & Erig. À época, Teodoro Moeller era o representante das empresas de navegação. Quanto a procedência dessas embarcações (objeto não específico do meu estudo) não logrei êxito, ou seja, sem menção nas obras consultadas. Talvez o jornalista Renato Klein possa responder mais detalhadamente esses questionamentos, em: historiasvalecai.blogspot.com. Um abraço. Rosa Maria.

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    1. Gratidão Rosa Maria!
      Que persistas no teu bom rumo em pesquisar temas que agregam à Memória Cultural de variadas e mescladas etnias que dizem muito sobre cada um de nós.
      Abraço fraternal,
      Lilian

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