Após a
povoação da primeira e da segunda légua (de Farroupilha), iniciaram-se as demarcações dos lotes
das terceira e quarta léguas do Campo dos Bugres (Caxias do Sul). Todavia, ainda no
começo das medições das 3ª e 4ª Léguas, um ano após a chegada dos primeiros
imigrantes, “o governo fez construir um barracão para os imigrantes chegados a
Nova Milano, porém uma leva de imigrantes tendo ali chegado, sem encontrar
alojamento, regressou a Porto Alegre e se encaminhou para a Argentina”.(FORTINI,p.25)
Entrementes, veio outra turma, de
cerca de 600 imigrantes tiroleses, vênetos e lombardos, que ficou do outro lado
de Nova Palmira, no morro da Torre, também chamado de Morro Caxias (Galópolis),
aguardando a liberação dos lotes.
Enquanto não fossem medidas as novas colônias, ficaram aquelas
quase 600 pessoas acampadas ao relento, na base do Morro Cristal, então
chamado Morro da Torre em Nova Palmira. Ali permaneceram 6 meses,
abastecendo-se na casa do colono alemão Germano Noll. (CHIARELLO,p.23)Foram finalmente instalados na terceira e quarta
léguas dia 28 de junho de 1876.(
BAREA ,p.62)
O
transporte terrestre dos imigrantes e de suas bagagens era feito sob contrato,
por tropeiros particulares. O Inspetor Manoel Maria observou em seu relatório,
que na maioria das vezes os imigrantes seguiam a pé: “Continuam a ser
transportados, poucas vezes, em carretas e alguns em animais quase xucros, de
maneira que grande parte faz a pé essas longas travessias”.(*1)
[...]
Em 20 de junho de 1890, Caxias do Sul
foi elevada à categoria de município somando o antigo território ao da Colônia
Sertorina (Forqueta). Em 17 de maio de 1924 perdeu parte do seu antigo
território, em face da emancipação de Nova Trento (Flores da Cunha), que ficou
com os territórios de Nova Pádua e Otávio Rocha. Em 11 de dezembro de 1934, Nova
Vicenza (Farroupilha) emancipou-se de Caxias, levando junto a 1ª légua, Nova
Milano(*6) e a 2ª légua, Linha Palmeiro (situada entre Bento e Caxias, atual
Caravaggio) e Vila Jansen. Em 1890, o território restante de Caxias foi dividido em
Distritos: 1º Distrito sede Caxias; 2º São Marcos; 3º Galópolis; 4º Ana Rech;
5º Vila Seca; 6º Santa Lúcia do Piaí; 7º Fazenda Souza; 8º Forqueta; 9º Criúva
e 10º Vila Oliva.
[...]
Em 1910,
com a inauguração da linha férrea, que ligava Caxias a Porto Alegre, a cidade
marcou o fim da sua dependência econômica com São Sebastião do Caí, momento em
que começou o seu progressivo desenvolvimento comercial e industrial. Iniciou
com a fabricação de vinho, banha e cultivo de trigo, tendo Porto Alegre como
principal ponto de distribuição. Alguns anos depois Antônio Pierucinni, se destacou na
industrialização e comercio de vinho e Abramo Eberle na fabricação de produtos
metalúrgicos. Ambos abriram mercado em São Paulo.
[...]
Caxias do Sul emancipou-se de São
Sebastião do Caí no dia 20 de junho de 1890. Seu primeiro intendente foi Ângelo
Chitollina (1880/1882); o segundo foi
José Cândido de Campos Junior (até 1898) e o seu primeiro prefeito foi
Miguel Muratore (1935/1947).
O foro da Comarca foi criado no
dia 15 de janeiro de 1898 e o primeiro
Juiz de Direito foi o “Dr. Armando Azambuja, que teve como sucessores, até
1907, os Drs. Manoel da Costa Barradas, Caio da Cunha Cavalcanti e José
Gonçalves Ferreira Costa”.(ADAMI,p.34)
Os primeiros primeiros Bispos da Catedral de Caxias do Sul[1]: Dom José Baréa
(1935-1951), natural de Nova Treviso, atual Nova Roma do Sul; Dom Benedito
Zorzi (1966-1983), natural de Nova Pádua/RS; Dom Nei Paulo Moretto (1983-2011)
e Dom Alessandro Carmelo Ruffinoni (2011- até os dias atuais), nasceu em Piazza
Brembana(Bergamo) Itália.
A cidade recebe anualmente milhares de
turistas e entre os lugares mais visitados se encontram: o Museu Municipal da Uva e do Vinho
(Forqueta) Museu Casa de Pedra, Igreja São Pelegrino, Catedral Diocesana,
Monumento Nacional ao Imigrante, Jardim Botânico, réplica medieval do castelo
“Château Lacave” e cascata Véu de Noiva de Galópolis, o
Museu com o acervo de utensílios dos antigos agricultores, arte sacra, entre
outros objetos. Também são registradas inúmeras visitas aos locais que reunem material referente a
saga da imigração italiana, como: mapoteca, fototeca, pinacoteca e filmoteca.
Caxias do Sul realiza anualmente a
Feira Brasileira da Mecânica e da Automação Industrial e a Feira de
Subcontratação e Inovação Industrial (Mercopar), com expositores do Brasil e
exterior.
A
Festa Nacional da Uva de Caxias do Sul, que ocorre bianualmente nos pavilhões da Festa
da Uva, celebra a colonização italiana e desde 1931 reaviva as tradições históricas da
comunidade.
(*1) Relatório do Serviços de Imigração e Colonização da Província do Rio Grande do
Sul aos Ministérios e Secretarias de Estado e Negócios da Agricultura Comércio
e Obras Públicas, elaborado pelo Engenheiro Manuel Maria de Carvalho,
apresentado ao Império,1886, p. 14.
(*2)
ADAMI, p.90:”O sítio selecionado foi o de uma clareira artificial na mata,
feita pelos índios Caáguas, que aí tinham anteriormente, uma aldeia. Daí o
primitivo nome do lugar que se chamou Campo dos Bugres”.
(*3)
Relatório do Serviços de Imigração e Colonização da Província do Rio Grande do
Sul aos Ministérios e Secretarias de Estado e Negócios da Agricultura Comércio
e Obras Públicas, elaborado pelo Engenheiro Manuel Maria de Carvalho,
apresentado ao Império,1878, p.114-115.
(*4)
Relatório dos Serviços de Imigração e Colonização da Província do Rio Grande do
Sul aos Ministérios e Secretarias de Estado e Negócios da Agricultura Comércio
e Obras Públicas, elaborado pelo Engenheiro Manuel Maria de Carvalho,
apresentado ao Império,1886, p. 42.
(*5)
Relatório dos Serviços de Imigração e Colonização da Província do Rio Grande do
Sul aos Ministérios e Secretarias de Estado e Negócios da Agricultura Comércio
e Obras Públicas, elaborado pelo Engenheiro Manuel Maria de Carvalho,
apresentado ao Império,1886, p. 40.
A região Nordeste do Estado é berço de expressivo numero de padres, descendentes de fervorosos imigrantes italianos, bem como de bispos. Além dos supracitados: Frei Cândido Júlio Maria Bampi (Caxias), Dom Neri José Tondello (Antonio Prado), Dom Leomar Antonio Brustolin (Caxias), ordenado em 2015, entre outros.
A região Nordeste do Estado é berço de expressivo numero de padres, descendentes de fervorosos imigrantes italianos, bem como de bispos. Além dos supracitados: Frei Cândido Júlio Maria Bampi (Caxias), Dom Neri José Tondello (Antonio Prado), Dom Leomar Antonio Brustolin (Caxias), ordenado em 2015, entre outros.
A
devoção a São Pelegrino está vinculada aos primórdios da imigração italiana e
da fundação da cidade. Em 1879 a família Sartori, de Treviso, cidade italiana
da região do Vêneto, chegava ao Campo dos Bugres trazendo em suas bagagens uma
imagem do Santo, que foi colocada num “capitel” e após, na "Capelinha de
Madeira". Em 1938, o santo foi homenageado na Igreja de Madeira, que levou
o seu nome. Em 1953 foi inaugurada a Igreja Matriz com o nome de Paróquia São
Pelegrino, que em seu interior abriga pinturas de Aldo Locatelli, o que, em
conjunto com sua arquitetura, a torna uma das igrejas mais bonitas da região.
(*6) Nota: Em 13 de dezembro de 1875,
em Nova Milano, o Berço da Colonização Italiana do Rio Grande do Sul, foi
inaugurado o Parque Centenário, em homenagem as três primeiras famílias
colonizadoras. Ao lado do parque foi edificado o museu histórico contendo as réplicas dos passaportes usados pelos
primeiros imigrantes que fizeram a travessia da Itália para o Brasil: Estêvão
Crippa, Luigi Radaelli e Tommaso Sperafico. O nome das capelas atendidas pelos
Padres da Igreja matriz de Nova Milano são: Santo André, São José, Santos
Anjos, Nossa Senhora da Salete, Menino Deus, São Roque, Caravaggeto e Linha
Boêmia.
(*7)
Caxias do Sul, disponível em: www.caxias.rs.gov.br/consultado em 22/07/2014. Em 2007 a indústria
de Caxias do Sul contabilizava 5.872 estabelecimentos, distribuídos da seguinte
forma: material de transporte (26,86%),
têxtil do vestuário e artefatos de tecidos (16,30%), produtos alimentícios,
bebidas e álcool etílico (11,74%), mecânica (11,48%), química de produtos
farmacêuticos, veterinários e perfumaria (9,94%) e outros (23,68%).
Rosa Maria B. Kaspary
Pesquisadora
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