segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Os Bugres e os Imigrantes


A vasta área de florestas densas da região dos campos de Cima da Serra, que não se deixou penetrar pelos espanhóis nem pelos povoadores portugueses, também não atraiu os alemães. Aquela área permanecia inculta e deserta, apenas habitada por grupos indígenas que dificultavam o trânsito das tropas e dos viajantes que passavam pelo alto da serra. (CARNEIRO,p.10)
[...]




(*1) MABILDE, p. 87-88: “A índole feroz dos coroados faz com que, nos combates entre si ou com outra nação selvagem, se comportem com uma crueldade sem limites, sendo naquelas ocasiões dominados por uma paixão tão sanguinária que esquecendo os motivos que os induzem a brigar – e os que os deveriam dissuadir, entre a vingança e a razão – não lhes ocorre senão a ideia de vingança e extermínio, sem piedade alguma das vítimas que caírem em seu poder. [...] Não dão nunca quartel a prisioneiros ou inimigos vencidos que sempre são mortos com golpes de varapau, concedendo a vida as mulheres e crianças que, pela sua idade estejam em condições de acompanhá-los na sua marcha”.
(*2) GANSWEIDT, Matias José. DAMIÃO, Eugênio. As vítimas do Bugre. Porto Alegre: Selbach, 1946, p.11-12: Lamberto Versteg, nascido na Alemanha, filho de família nobre, por parte de mãe seu nome era Lamberto von Steg, descendente dos condes de von Ameringen e no Brasil o seu nome foi alterado para Lamberto Versteg. Na Alemanha, havia perdido sua fortuna e a posição social; em face da decadência. Mudou-se à Holanda, onde adoeceu. No hospital conheceu a holandesa Valfrida Bloon, casaram-se, tiveram dois filhos: Jacó e Lucila e vieram para o Brasil em 1858. Desembarcaram em São Leopoldo, seguiram a pé até Santa Maria da Soledade (São Vendelino), compraram o seu lote entre os morros da Canastra e do Diabo, onde construíram seu chalé, fizeram sua roça e adquiriram um cavalo, uma vaca leiteira, criavam galinhas, porcos e domesticaram alguns animais.
(*3) FORTINI,p.26: De dia trabalhávamos com muito medo de sermos atacados pelos bugres. À noite alguns dos colonos eram destacados a montar guarda, a fim de dar alarme num caso de agressão. “Porém, os bugres nunca nos molestaram e também nunca os vimos”. Se não fossem os pinhões não sei como teríamos sobrevivido, porque somente em princípios de 1877 começaram as primeiras colheitas de produtos essenciais à nossa alimentação. Quando veio a safra constatamos que ela era disputada por muitos pretendentes, entre os quais macacos, papagaios, porcos e outros animais e aves que em grande número investiam contra as plantações".
(*4) MABILDE, p. 61¨: “O cacique Nicuó era perseguido pelos outros corados das tribos do chefe Braga, nunca quis sair do mato e aldear-se, preferindo andar errante com sua pouca gente, sem destino certo, fazendo correrias, somente para ter ocasião de matar e assassinar os moradores da vizinhança”.
(*6) Nota: Apesar de estar no início da sua adolescência, Luís Bugre não era um menino despreparado, já havia se acostumado a lutar pela sobrevivência, pois participou da “correria”, que pode ser entendida como uma atividade de cunho guerreiro.
Entre os colonos, estabelecidos nas colônias de imigrantes alemães, havia vários ex-soldados “brummer”, que pediram demissão do exército brasileiro para atuarem junto às novas comunidades. Entre esses profissionais encontrava Frederico Otto Grunitzky, de origem polonesa. Quanto ao Capitão Wenzel Wartha, austríaco (casado com a prima do Padre Miguel Kellner, que à época era Pároco de Montenegro), permaneceu no Exército da Guarda Nacional até a sua aposentadoria. À época era praxe a realização de casamentos entre parentes de integrantes e ex-integrantes do Exército e líderes comunitários, geralmente de origens diversas.         
Rosa Maria B. Kaspary
Pesquisadora, poetisa


4 comentários:

  1. Nossa! Que roteiro cinematográfico daria a história de Luís Bugre!Sou descendente de Nikolaus Neis, presente,também, na expedição de resgate dos Versteg.

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  2. Verdade, um excelente roteiro!Emoção, suspense...

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  3. Meu bisavô tbem estava nesta colônia e era um ex brummer. Carlos gaertner.

    Carlos Gaertner, que foi segundo tenente de artilharia até pedir demissão do exército brasileiro em 1855, tornou-se agrimensor e foi diretor da Colônia de Santa Maria da Soledade na parte do Forromeco Superior e da Linha Francesa.

    Vc possui alguma outra melhor informação?

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    1. Olá! Nas obras e Órgãos consultados não constatei informações gerais sobre os pioneiros imigrantes. Provavelmente o jornalista Renato Klein (historiasvalecai.blogspot.com) saberá mais detalhes sobre Carlos Gaertner: Atenciosamente, Rosa Maria.

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