domingo, 7 de setembro de 2014

O "Kerb" dos Alemães e as Festas "Sagras" dos Italianos

                                          O “Kerb” e as “Sagras”

Nas colônias alemãs a festa votiva da paróquia, o “Kerb”,* começava por um culto solene, ou missa festiva em homenagem ao padroeiro da Paróquia, ou da Capela. Após, na saída da igreja, em meio ao foguetório, a banda tocava algumas músicas e conduzia o povo da comunidade ao salão, onde dançavam “a primeira”. 
Instalado o kerb, os festeiros levavam os seus parentes, vizinhos (católicos, ou protestantes) e amigos mais chegados às festas, em suas residências. Na semana que antecedia o kerb, os "festeiros" carneavam: novilhos, porcos, frangos, faziam fornadas de cucas, pães e roscas; preparavam essência de framboesa, fermentavam "gasosa", ralavam côco, cozinhavam doces de frutas, faziam tortas, massas; pintavam suas casas e enfeitavam as salas com bandeirolas coloridas.**
Além da festa, os três dias de bailes de kerb, que sempre terminavam de madrugada, eram muito aguardados pelos habitantes, parentes e amigos. O primeiro dia era domingo à noite, segundo dia na segunda-feira à noite e o terceiro, na terça-feira, ocorrendo o encerramento das festividades na quarta-feira de madrugada.
Nas festas "Sagras”, nas comunidades italianas, a capela recebia a visita do sacerdote que presidia uma missa solene cantada, com procissão festiva. Após as cerimônias religiosas começava a festa popular com o famoso “pranzo italiano”, que no início da colonização era trazido de casa e compartilhado com todos os parentes. Mais tarde, introduziu-se o sistema do churrasco gaúcho.(D’APREMONT , 200 e Manfroi, 194)
Nas colônias italianas, o baile era estritamente proibido e considerado como um divertimento pecaminoso. O que mais caracterizava as festas nas colônias italianas e mesmo a vida de todos os dias, era o canto. Homens, mulheres e crianças cantavam no trabalho, na igreja, nas festas e em casa. Cada família era um coral.(GARDELIN, 5)
* ROCHE, 481: “Kerb” abreviação de “Kirchweihfest”.

**       KERB DOS VELHOS TEMPOS 

                                    Rosa Maria B. Kaspary

1. Na festa do padroeiro
    após a solenidade 
    a bandinha conduzia
    os fiéis à sociedade 
    os foguetes anunciavam
    kerb da comunidade.

2. A “polonaise” era o grito
    na abertura do festão
    os sapatos deslizavam 
    pela pista do salão 
    exibiam roupas novas
    moças não davam carão.

3. Eram três dias festivos
    domingo à noite o primeiro 
    no colarinho uma fita 
    terça-feira era o  terceiro 
    moço com as três fitinhas 
   se orgulhava em ser parceiro.

4. Churrasco feito na vala 
    suculento, ou bem passado 
    no café rosca e cuca 
    pernil de porco grelhado 
    tinha morcilha, linguiça 
    e torresmo bem prensado.

5. A bebida “spritzer bier” 
    fermentada com limão 
    açúcar, água e “weinstein” 
    gengibre, um “borbulhão” 
    não faltava a caipirinha 
    e framboesa com jarrão.

6. Serviam no lanche da tarde 
     leite com café cortado 
     cucas, tortas e bolachas 
     sagu e côco ralado 
     creme de leite e pudim 
     frutas com caramelado.

 7. Dentro da comunidade 
     tinha dois kerbes por ano 
     um deles era o católico 
     e o outro era o luterano 
     conterrâneos se reuniam 
     deste lado do oceano.

Rosa Maria B. Kaspary
Pesquisadora e poetisa

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