Alto Feliz era uma colônia
particular, que começou a ser habitada a partir de 1846, por imigrantes
germânicos. As suas antigas estradas, "Morro das Batatas" e Júlio de
Castilhos, têm significado histórico à população.
A partir de 1872 o engenheiro Pierre Alphonse Mabilde e as duas
Comissões de Colonização, instalaram-se em Alto Feliz,(1) a fim de
organizarem os lotes para a futura colonização italiana nas terras ”Fundos de
Nova Palmira” (Farroupilha e Caxias). Durante três anos permaneceram ali
acampados, realizando estudos, demarcações, loteamentos, tarefas que envolveram
inúmeras subidas e descidas pela serra, com cargueiros de manutenção e
utensílios.(2)
Na época alguns imigrantes, naturais da
Bohêmia-Tchecoslováquia (atual República Tcheca), país situado na Europa Central,
entre a Alemanha, Áustria e Polônia, criaram
coragem e avançaram cerca de quatro quilômetros além do acampamento das
comissões, construindo os seus chalés ao longo da trilha, formando o núcleo da
"Picada dos Boêmios".(3)
A partir de 1875, os primeiros imigrantes italianos seguiram até a
Linha Boêmia pela estrada aberta para a passagem de carretas, onde anos
após passaria a estrada Júlio de Castilhos. Esse trajeto, por vezes, seguia em
paralelo ao novo traçado da rodovia.
Da Linha Boêmia em diante os italianos seguiram pela picada até
Nova Milano e mais tarde, se espalharam até Farroupilha (Nova Vicenza). Os
últimos imigrantes italianos, que passaram por Alto Feliz, foram recepcionados
no “Barracão” de Nova Milano e, após, destinados ao 3º Distrito do Campo dos
Bugres (Caxias do Sul).
Em 1911, o Governador
Carlos Barbosa inaugurou a estrada Júlio de Castilhos, única rodovia que ligava
a capital à região Norte do Estado. Num primeiro momento foi até Vacaria e mais
tarde foi ampliada até Marcelino Ramos, ligando o Rio Grande do Sul a Santa
Catarina. A povoação de Alto Feliz passou a migrar gradativamente para próximo da
estrada Júlio de Castilhos, surgindo assim o centro urbano, com casas,
comércio e um intenso movimento rodoviário de ônibus, caminhões, caminhonetes e
carros de passeio.
Alto Feliz havia progredido consideravelmente, abrigava diversas casas
comerciais, a saber: Albino Veit, João Simon, Gustavo Weissheimer, Jacob
Ruschel, Aloyso Veit, Fernando Haas Filho, Irmãos Klein, Serraria e Moinho
Tempass, Moinho Frozi, Moinho Bruch, Fábrica de Aguardente Caninha Feliz,
Matadouro e Açougue Ruschel, Ferraria Noll, Ferraria Zimermann, Funilaria
Bergmann, Hotel Lanfredi, Hotel Frozi, Transportadora Trans-Feliz, Correios e
Telégrafos, salões de baile, Marcenaria Tempass, olarias, carpintarias,
barbearias, salões de beleza e fábrica de queijo.
O renomado empreendedor Antônio Jacob Renner (A.J.Renner), nasceu em Alto
Feliz, no dia 07 de maio de 1884, porém mudou-se para São Sebastião do Caí,
município que adotou para instalar suas indústrias.
Alto Feliz, limítrofe dos primeiros contrafortes da serra, com a
vinda dos primeiros imigrantes italianos foi beneficiada economicamente.
Contudo, em 1938, com a inauguração da rodovia BR 116, o movimento rodoviário
da estrada Júlio de Castilhos sofreu uma queda; parte desse foi desviado por
Nova Petrópolis. Por volta de 1965, com a inauguração da RS 122, o movimento
rodoviário, que seguia em direção à serra e região Norte do Estado, passou a
transitar por São Vendelino, deixando a localidade um pouco isolada.
No ano de 1959 o município de Feliz emancipou-se de São Sebastião
do Caí e consequentemente Alto Feliz passou a pertencer ao novo município. Com
as alterações ocorreram profundas mudanças, entre elas a modificação da
economia.
Ressalta-se, que o município foi privilegiado pelas belezas
naturais, que cercam a sua rota turística, embelezada pela cascata, localizada
na estrada Júlio de Castilhos (VRS 826), próximo às curvas ladeadas por
plátanos e hortênsias. Por volta de 1930 o cineasta alemão Roman Konrad e sua
esposa Ely, edificaram sua residência no topo da cascata, próximo à estrada percorrida pelos primeiros imigrantes italianos.
Outro ponto turístico é a igreja dos Jesuítas, inaugurada em 1874, localizada
no Morro das Batatas, foi a 1ª igreja frequentada pelos pioneiros imigrantes italianos
(Farroupilha e Caxias). Também merece destaque o morro do Tigre, o antigo Hotel
Lanfredi e a deslumbrante "vista" dos vales e morros da localidade de
São Pedro, nas proximidades do antigo Hotel Frozi.
Em 20 de março de 1992, Alto Feliz emancipou-se de Feliz, se
constituindo com sua sede e quinze lugares denominados de: Arroio Alegre,
Arroio Feliz, Arroio Jaguar, Canto Schütz, Encosta da Palmeira, Morro Belo,
Morro das Batatas, Morro Capim, Morro Gaúcho, Nova Alemanha, Santo Antônio:
Alto e Baixo; São Pedro, Sete Colônias e Vale do Mel. Seu primeiro prefeito foi
Paulo Mertins e vice-prefeito Darci Baumgarten.
No ano de 2000 foi instalada no município a Vinícola Don Guerino
(Casa Motter), que produz vinhos finos e espumantes. Próximo à vinícola, de
frente para os parreirais, funciona o restaurante Don Guerino, especializado em
comida típica italiana.
A cidade realiza bi anualmente a Alto Fest, uma festa de
integração das etnias, no Parque de Eventos da cidade.
* Algumas das famílias que habitam, ou habitaram Alto Feliz: Auler, Atz, Bach, Barth, Baumgarten,
Benvenutti, Bergmann, Bertotti, Biegelmeyer, Boeni, Bohn, Böhni, Bohnenberger,
Bracht, Britz, Bruch, Dewes, Eidt, Faccin, Fetter, Finimundi, Flach,
Freiberger, Friderichs, Frozi, Fuhr, Funck, Griebler, Gisch, Goetz, Gonzatti,
Graebin, Haas, Hahnn, Hartmann, Hasstenteufel, Henz, Hermann, Jotz, Jungblut,
Juwer, Kirch, Klagenberg, Klaus, Klein, Konrad, Krewer, Kronitzky, Kuhn,
Kunrath, Lamb, Leissmann, Lenger, Lugwig, Lutz, Maggioni, Marques, Martiny,
Matana, Menti, Menzen, Mertins, Moretti, Müller, Neis, Nied, Noll, Orlandim,
Ost, Palavro, Postay, Reinheimer, Reiter, Renner, Rockenbach, Ruschel,
Scheffer, Scherer, Schneider, Schorn, Schoulten, Schultz, Schütz, Seidenfuss,
Seimetz, Simon, Simoni, Siweris, Somacal, Sperafico, Staudt, Stein, Ströeher,
Tempass, Theis, Thiel, Tomazi, Vanoni, Veit, Wargen, Weirich, Weissheimer, Wentz, Wilhelm, Winter, Zimmer e Zimermann.
**JornalFarroupilhadisponívelem:www.jornalfarroupilha.com.br/noticia.php?noticia=2984/edição-28.11.2008 consultado em 13/07/2014.
**JornalFarroupilhadisponívelem:www.jornalfarroupilha.com.br/noticia.php?noticia=2984/edição-28.11.2008 consultado em 13/07/2014.
*** Idem
A “Caninha Feliz” era de propriedade dos avós paternos da autora: Ernesto e Mathilde
Regina Barth Boeni.
No século XXI, a A.J.Renner Indústria do Vestuário, com sua rede, Lojas Renner,
foi classificada como a 2ª maior rede de lojas do departamento de vestuário do
Brasil.
Arquivo Histórico Municipal de Porto
Alegre, Moisés Vellinho AHPAMV pesquisa sobre a Imigração Alemã e Italiana do
Rio Grande do Sul e Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. Relatório do
Serviços de Imigração e Colonização da Província do Rio Grande do Sul aos
Ministérios e Secretarias de Estado e Negócios da Agricultura Comércio e Obras Públicas.
Rosa Maria Boenny Kaspary
Pesquisadora, poetisa e advogada
VIVÊNCIAS DE UM POVO IMIGRANTE
Autora: Rosiê Boenny (nome literário de Rosa Maria Boenny Kaspary)
Pelas águas do oceano e por rios
Navegaram nossos ancestrais
Aportaram nos portos dos Vales
Com fé e esperança
Regresso, jamais!
Se abrigaram em moradas precárias
Em barracos e em hospedarias
Enfrentaram caminhos penosos
Suando, cantando
Buscando alegrias!
Galgaram o “Batatenberg”
Lá no Alto Feliz contemplaram
Vales, morros entrecortados,
Colinas, cascatas
Deus Pai exaltaram!
Se banharam em águas cristalinas
Apreciaram: jardins multi cores,
O gorjeio das aves em festa
Com os frutos da terra
Vivências de amores!
Transmitiram aos seus descendentes
Um legado de prosperidade.
As memórias das belas cantigas
Histórias da Europa
Eterna saudade!
Imagem dos parreirais da Vinícola Don Guerino de Alto Feliz. Ao fundo, o Morro da Canastra de São Vendelino.
Meu avô morava em alto feliz doouterras pra construção da igreja e aí lado o cemitério .,.o nome João palavro moreu em 1967 gostaria de saber algo daí
ResponderExcluirJoão Palavro casou-se com Henriqueta (Enrica Teresa) Santini (imigrante de Trento - Itália, que veio ao Brasil com seus genitores e três irmãos, indo residir em São Valentim da 2ª légua/RS). O casal foi morar no Forromeco e após fixou residência no Morro Gaúcho - Alto Feliz. A religiosidade dos “seus” ancestrais (Angelo e Maria Pallaoro Santini) também foi exemplar, pois em São Valentim construíram uma capela. Que Deus tenha em sua glória os servos, que contribuíram com a caridade!
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