Os Primeiros Imigrantes Italianos da Serra Gaúcha

         A fase da colonização italiana iniciou-se em 1875, no reinado de Dom Pedro II e para recepcionar os imigrantes o Governo acelerou o processo de emancipação de São Sebastião do Caí que, à época, pertencia ao município de São Leopoldo, bem como, a demarcação da colônia, “Fundos de Nova Palmira”, composta pelo 1º Distrito Milanês (Nova Milano), 2º Distrito de Nova Vicenza (Farroupilha) e Campo dos Bugres (Caxias do Sul), terras pertencentes ao município de São Sebastião do Caí, que se estendiam até a divisa da Paróquia de Nossa Senhora da Oliveira (Vacaria).

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Tem-se como data oficial para o início da imigração italiana no Rio Grande do Sul o dia 20 de maio de 1875.

 

VIVÊNCIAS DE UM POVO IMIGRANTE

      Autora: Rosiê Boenny (nome literário de Rosa Maria B. Kaspary)

Pelas águas do oceano e por rios

Navegaram nossos ancestrais

Aportaram nos portos dos Vales

Cheios de incertezas

Em busca de um lar.

 

Se abrigaram em moradas precárias

Em barracos e em hospedarias

Enfrentaram caminhos penosos

Orando e cantando

Com fé e esperança.

 

Galgaram o “Batatenberg”

Lá no Alto Feliz avistaram

Vales, morros entrecortados,

Colinas, cascatas...

Encantos da serra!

 

Se banharam em águas cristalinas

Apreciaram: os ecos dos vales,

O gorjeio das aves em festa

Com os frutos da terra

Vivência sem-par!

 

Nos deixaram um legado divino,

No Evangelho ele está declarado,

As memórias das belas cantigas,

Histórias da Europa

Lembranças perenes!

   * Os componentes da primeira “leva” de imigrantes italianos, que chegou a Nova Milano (Farroupilha), a 30 de setembro de 1875, eram 110, como consta do registro de concessão de lotes eram assim classificados: 1º Radaelli, Giovanni e Maria com 9 filhos; e Tomazzo e Maria, casal sem filhos. Contava o primeiro 52 anos e o segundo apenas 39. Daí talvez o fato de só se recordar o nome do mais moço. 2º Crippa, Pietro (44 a.) e Maria, com 4 filhos; Emílio (41 a.) e Maria, casal sem filhos; Stefano (22 a.) e Natalina (l8 a.) de certo recém casados; Carlo e Antônia, casados, e Caetano, com 27 anos, solteiro. 3º Sperafico, Luigi (38 a.) e Ângela, com 5 filhos.4º Casaghi, Carlo (43 a.) e Colombo, com 1 filho. 5º Berreta, Francesco (29 a.) e Emília. 6º Boratti, Giovanni (22 a.) e Teresa - Francesco (56 a.) e Adelaide, casais sem filhos; Carlo (50 a.) e Carolina, com 2 filhos. 7º Sachine, Natale (30 a.) e Luigia, com 1 filho. 8º Gaviraghi, Ângelo (40 a.) e Petronilia, e Luigi (26 a.) solteiro. 9º Brambiglia, Pascoale (33 a.) e Rachelle; Luigi (33 a.) e Giuliana com 2 filhos. 10º Castaldi, Paolo (23 a.) e Bambina. 11º Barbieri, Giovanni (52 a.) e Luigia, com 4 filhos. 12º Ratoti, Giacomo (38 a.) e Ângela. 13º Benedetto, Tomazzo (38 a.) viúvo, Giorgio e Eugênia, sem filhos. 14º Boccardi, Carlo (42 a.) e Catarina, com 3 filhos. 15º Mauri, Carlo (39 a.) e Luigia, com 4 filhos. 16º Colombo, Ângelo (33 a.) e Maria, com 1 filha; Giovanni, Mateus, Antônio, e Ambrósio, maiores, solteiros. 17º Mariani, Antônio (20 a.) e Giuseppina  (17 a.) que constituíam o casal mais novo. Além dos rapazes solteiros, já agrupados segundo os nomes de família, figuravam ainda entre os primeiros povoadores de Nova Milano (Farroupilha) os seguintes: Eugênio Pegoreti, Giacomo Lamperti, Colli Ferruzzi, Luigi Porta, Zacarias Missaglia, Pietro Mame, Ângelo Maggine, Carlo Pergoni, Luigi Gervasoni, Francesco Maggine, Carmelo e Alessandro Andregoni, Agostino Salmori, Francesco Santo Agostino, Filippo Colonni, Gaspare Sardo, Natale Bonadeo, Giacomo Ferrari, Severino Conzi, Eurico Sangagli, Giuseppe Angeli, e Angelo Faccionello.          

      Rosa Maria B. Kaspary

Pesquisadora, poetisa e advogada