Os indivíduos de mentes brilhantes têm uma extraordinária capacidade intelectual, são ágeis, desmembram os pontos perseguidos e analisam as hipóteses para compreender as modalidades. Passam grande parte de seu tempo lendo, assistindo vídeos e programas educativos, sem horários determinados para a sua alimentação e o descanso.
São críticos, observam as lacunas deixadas pelos pesquisadores e a partir dali partem para novos desafios. Os esforços são focados no seu crescimento intelectual e na boa reputação. “Quem, em prol da sua boa reputação, não se sacrificou já uma vez – a si próprio?” Friedrich Nietzsche. Os homens de “quocientes de inteligência” mediana são mais despreocupados, decoram tópicos, e, evitam o enfrentamento de temas complexos. Alguns têm uma boa retórica, que também é importante, mas nem sempre o suficiente, pois o topo é para poucos.
Walter Isaacson defende, que o gênio “é diferente de alguém meramente inteligente e tem a capacidade de aplicar a imaginação a quase qualquer situação.”
Para Wright, os maiores gênios são aqueles que causam importante impacto sobre a maioria das pessoas e por mais tempo. “São pessoas ambiciosas, que colocam muita pressão sobre si mesmas, e, às vezes, sobre os outros”.
Onde há várias estrelas brilhando, torna-se necessário construir boas estratégias e, se aliar a amigos fiéis e idôneos. Getúlio Vargas foi Presidente do Brasil de 1930 a 1945 e de 1950 a 1954 e vivia cercado pelos seus fiéis assessores, ex-colegas do curso de Direito da UFRGS. O grande Mestre Jesus Cristo também escolheu os seus doze discípulos a dedo.
Antigamente, os imigrantes alemães, bem como os italianos, elegiam diretamente os seus lideres. Observavam o “brilho” do candidato pelo seu histórico de idoneidade: grau de cultura, conduta ilibada baseada nos valores morais, associados a instrução religiosa familiar. (nota 1 rodapé)
Em 1851, após a vinda dos pioneiros imigrantes europeus ao RS, vieram os “Brummers”, contratados pela Prússia para integrar o Exército Imperial Brasileiro, mais especificamente para a Guerra do Prata. Tinham idades, culturas, instruções e nacionalidades diversificadas. Muitos eram filhos de famílias abastadas, ou nobres, educados e principalmente politizados (nota 2 rodapé). Com o término da missão específica foram destinados, pelo governo imperial, para funções de lideranças pelas colônias do RS. Exerceram grande influência nos locais onde se estabeleceram como: comerciantes, diretores, agrimensores, professores, pastores e agricultores. Eram mentes aprimoradas, auxiliaram os imigrantes na criação de escolas, igrejas e sociedades. Entre 1851 e 1883 foram considerados “fermento” para as colônias. Alguns “Brummers” se destacaram mais, entre eles os infra citados:
- Karl von Koseritz, professor, jornalista, empresário, escritor, Deputado da Assembleia Provincial e agente intérprete da colonização. Deixou um grande legado ao Rio Grande do Sul;
- Wilhelm Ter Brüggen, foi Cônsul da Prússia, redator-chefe de jornal, Deputado da Assembleia Provincial, fundou a Livraria Teuto Brasileira em POA e em 1867 foi o 1º Presidente da SOGIPA.
O trisavô desta pesquisadora, Otto Frederico Kronitzky (Grunitzky), também foi um “Brummer”. Era polonês, nasceu em 1823, veio ao Brasil como militar, foi professor, regente de coral católico e conforme Kautzmann, “era um exímio pintor e desenhista”. Indubitavelmente, deixou um legado importante, aos filhos dos imigrantes, com os seus ensinamentos.
Entre tantas outras mentes de quilate, existem os superdotados, com aptidões natas: não são alfabetizados e sabem ler; não aprenderam música e sabem tocar; não aprenderam línguas e sabem falar vários idiomas, não tiveram aulas de Belas Artes e desenham e pintam perfeitamente.
Desse modo, com muita humildade, só nos resta agradecer ao Arquiteto do Universo, pelas criações e ensinamentos dessas mentes de quocientes de inteligência superior, e concluir que: para Deus todos os seres humanos são importantes!
Nota 1: Salienta-se que esses representantes não recebiam remuneração pelos serviços prestados à comunidade. À época, certamente passaram dificuldades para dirigir as colônias, pois as condições de trabalho eram precárias. Os meios de locomoção eram movidos pela força dos animais e os de comunicação adotavam as missivas e os recados (verbais ou escritos). Segundo Johann Jakob Von Tschudi, representante dos “olhos do Império” de D. Pedro II, alguns imigrantes eram mais intrigados e difíceis de lidar; pois deixaram os presídios para fazer um recomeço, longe de suas pátrias.
O imigrante Peter Scherer, genitor do Cardeal Dom Vicente Scherer, casado, pai de 12 filhos, foi carpinteiro e gerente da Caixa Rural União Popular de Bom Princípio, fundada em 1898. Foi eleito pela comunidade como “fabriqueiro” e coordenador da Diretoria da Paróquia N.Sra. da Purificação de Bom Princípio. Durante muitos anos prestou esses serviços à comunidade e “desempenhou essa tarefa de forma escrupulosa e exata...até 1925”. Concomitantemente, exerceu a sua profissão na gerência da Caixa. Consulta realizada na obra “Descendência de Peter Scherer e Anna Oppermann”, do autor José Newton Scherer.
Nota 2: Na época ainda havia forte influência do Direito “antigo” nas famílias, onde o filho primogênito era considerado o único herdeiro. Os demais filhos eram destinados ao exército e à Igreja, razão pela qual um grande número de militares, padres e religiosos emigraram da Europa para dar suporte aos pioneiros imigrantes no Brasil.
Rosa Maria Boenny Kaspary, pesquisadora.
(Nome literário: Rosiê Boenny)