quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Pioneiros Boeni e Böni na América do Sul




                                    Os Pioneiros Boeni e Böni na América do Sul
Os primeiros imigrantes suíços “Boeni e Böni” vieram para apoiar os projetos dos governos sul-americanos, que tinham como metas prioritárias a colonização das terras incultas e a formação dos seus povos.
Em 1857, um grupo de imigrantes suíços de Möhlin, Canton do Aargau, que fica entre Zurique e a Basiléia, migrou para o Brasil, à colônia de Rio Novo do Sul, Espírito Santo. A leva era formada pela Vva. Johanna Böni Boeni, seus filhos Francisco Xavier, Frederike, Friedrich, Rosa, sua irmã Agatha, esposo Carl Fischer e quatro filhos, bem como pelas famílias: Hoffmann, Oesger, Kobi, Jappert, Läber e Obrist.
Com o encampamento da colônia de Rio Novo do Sul, os “Boeni” migraram a São Vendelino/RS. À época, Francisco Xavier, conhecido como Czafêr, era casado com Prisca (Briska), filha dos imigrantes austríacos Maria Baumgartner e Carl Schaider,  agrimensor Imperial (meus trisavós).
O irmão mais novo de Francisco Xavier, Friedrich, trabalhou no Porto de Santos/SP e a irmã Rosa, nascida em 1846, provavelmente permaneceu em Vitória, ES. Num periódico de 1942, RJ, foi encontrado o nome  de “Carlos Boeni dos Santos” e em outro jornal, de 1946, RJ, a referência “motorista de ônibus Boeni Andrade”, possíveis netos de Rosa, ou  Friedrich Boeni. O irmão Frederike, casou-se com Linória Jappert, não deixou descendentes e passou seus últimos dias na Linha Rodrigues da Rosa, Barão/RS.       
            No Rio Grande do Sul, o sogro de Xavier liderou a equipe de medições de terras da região de Lajeado e Dona Francisca/RS. Há indícios de participação dos  filhos de Francisco Xavier Boeni na equipe. Em 1896, o segundo filho varão de Francisco Xavier e Prisca, Carlos Boeni (Boni), casou-se com Bertha Nerich, irmã e vizinha de José Nerich, de Marquês de Souza/Lajeado/RS.
          
          Além da família da Vva. Johanna Böni Boeni, o médico Dr. Arnaldo Boeni, primo de Francisco Xavier, também migrou da Suíça à Região Sul do Brasil. Na lista de passageiros da “Immigration & Travel foi registrado como Arnold Böni. O itinerário do navio foi Rio de Janeiro, Santos/SP, porto de Paranaguá/PR, São Francisco do Sul, SC. Em 1917, conforme jornal “Estado de Santa Catarina”, o Dr. Arnaldo Boeni foi qualificado como farmacêutico de Campos Novos/SC. Em 1918 o farmacêutico daquela cidade foi  Antonio Boeni e médico o Dr. Arnaldo Boeni.
        Em 1920, consoante Censo Rural de Terras do RS, o Dr. Arnaldo Boeni e Carlos Boni (nasc 1875, filho de Francisco Xavier),  eram proprietários de terras da região de Lajeado/RS.
       De 1921 a 1929, conforme livros cartorários de Lajeado/RS, o Dr. Arnaldo Boeni emitiu atestados de “causa mortis” naquela região. Na mesma época clinicou no Hotel Taffe, de Marquês de Souza e também foi juiz Distrital. Casou-se com Anna Meyer e tiveram três filhos:
1) Arnold Boeni (*1939), químico e “pharmacêutico” em Chapada /RS, casou-se com Elisabeth Gewehr (*1939). Teve filhos: Arnaldo Boeni Filho (*1981), químico, casou-se com Irma S. Boeni (*1999-Estância Velha). O casal teve um filho: Professor Rene Boeni (*2016- Estância Velha/RS).
2) Ana Elisabeth Boeni, nasc. 16/04/1904(*Chapada), casou-se com Theobaldo Gewehr (*1959 - Chapada). Ana Elisabeth era Odontóloga, formada pela PUC/RS e Theobaldo era Tabelião. O casal teve dois filhos: Wilson Boeni Gewehr, (*2000-Chapada), tabelião em Liberato Salzano e Gertrude Boeni Beiersdorf (*2010 - Ivoti).
3) Dr. Walter Boeni nasceu em Marquês de Souza/RS, casou-se com Orfila Motta Boeni, formou-se em medicina em 1933, pela UFRGS. Foi cirurgião clínico no Hospital Conventos de Encantado, até 1955. Trabalhou no Hospital de Palmeira das Missões, residiu em Montenegro até 1959 e de lá transferiu-se a Porto Alegre (*1987- Porto Alegre).

                                            Os Suíços “Boeni” Imigrantes no Chile
            Em 1884, o Chile também acolheu imigrantes “Boeni”. A escritora Patrícia Schifferli Coloma, em sua obra “Nuestras Raíces Suízas” refere, que as levas de imigrantes eram  formadas por suíços alemães e suíços franceses. Os passageiros “Boeni”: Alois, Jeanne e Eduard, de Cantón do Aargau, firmaram contrato em Genebra e navegaram até o Chile com o Vapor Araucanía, juntamente com as famílias Schifferle, Stappung, Zehnder, Schäechi, Fräschler e outras. 

                                     Os Suíços “Böni” Imigrantes no Paraguai
             Ernst Böni e Valéria Verona Michel, de Amden, Suíça, migraram em 1934 para Guaíra, Paraguai. O filho Ernst Böni, migrou para o Brasil em 1983. Em São Paulo foi registrado como Ernesto Boeni.
           Além dos registros Boeni e Böni, verificou-se a existência do sobrenome “Bohni”. Possivelmente o “h” foi acrescido em face da ausência do sinal gráfico (trema) nas máquinas de datilografia. Em 1856, no Brasil Johanna foi registrada como “Bonhi Boeni”, no entanto, à época, outros sobrenomes constantes das listas de passageiros suíços (Läber, Schäechi e Fräschler), foram grafados com o diacrítico.

                Pensamento: A história tem o poder de aflorar rastros de memórias adormecidas. 
                                                                   Rosa Maria B. Kaspary
                                                                         Pesquisadora

1.     TSCHUDI, Johann Jakob Von. Viagem às Províncias de São Paulo e Rio de Janeiro. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1980.
2.     Jornal Estado de SC, edição 73/1917 e 74/1918. 
3.     Coloma, Patrícia Schifferli. Nuestras Raíces Suízas.
4.     Jornal da Victória do Espírito Santo, nº 425, de 01/07/1868. APEES – Projeto Imigrantes Espírito Santo. Arquivo Histórico do Estado do Estado do Espírito Santo.Memoria/ES
5.     (*) - óbito
                                                             Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!


sábado, 26 de agosto de 2017

FRANCISCO XAVIER BOENI E PRISCA SCHAIDER

                          Genealogia Boeni, Böni, Boeny e Boenny              
Francisco Xavier Boeni partiu do Porto de Hamburgo, em 24/10/1856, juntamente com seus tios Carl e Agatha Fischer, genitora Johanna Böni Boeni e os seus três irmãos: Frederike, Friedrich e Rosa, a bordo do navio Franziska. Na documentação de embarque sua mãe Johanna, nascida em 24/05/1807, em Moehlin, Aargau, Switz, filha de Anton Böni e Maria Elisabeth Mahrer, foi registrada como “Bonhi Boeni”. Johanna casou-se em 25/11/1839, com Melchior Boeni, nascido em 23/01/1791 (*26/03/1850), também de Moehlin, Aargau, Switz, filho de Melchior Boeni e Margaretha Soder. Após a morte de Melchior, Johanna migrou para o Brasil. Em 21/12/1856, após longos dias de viagem, a família Boeni aportou em Itapemirim/ES. De lá os suíços seguiram até Rio Novo/ ES, onde construíram o seu novo lar.
Com o encampamento da colônia de Rio Novo (do Sul)/ES, após 1873, Francisco Xavier, esposa Prisca Schaider, filha Rosa, juntamente com os pais de Prisca, Carlos Scheider e Maria Baumgartner e o irmão de Francisco Xavier, Frederike Boeni e esposa, mudaram-se para o Rio Grande do Sul, à Colônia de Santa Maria da Soledade (São Vendelino).
O irmão mais novo de Francisco Xavier, Friedrich Boeni, à época maior de idade não acompanhou a família, ficou trabalhando no Porto de Santos, em São Paulo.
1.1      Francisco Xavier Boeni, nascido em 19/09/1841 (*18/09/1920 - SV).

1.2 Frederike Boeni nascido em 17/01/1843 (*01/10/1923 – Linha Rodrigues da Rosa/Barão/RS, Scheffer-Eck), viúvo de Linoria Iappert (ES). Não teve descendentes.

 1.3 Friedrich Boeni, nascido em 28/08/1844.
 1.4 Rosa Boeni, nascida em 13/02/1846.   








    


Maria Baumgartner e o Capitão Carlos Scheider, ambos austríacos, eram pais de Prisca Boeni. Ele era agrimensor Imperial, exerceu sua profissão no Espírito Santo e no Rio Grande do Sul.
Consoante Pellanda, os pioneiros imigrantes austríacos vieram para o Brasil a convite de D. Pedro I "...e quiçá influenciado pela primeira Imperatriz D. Leopoldina, princesa austríaca."

 





 Prisca Schaider e Francisco Xavier Boeni





 PRIMEIRA GERAÇÃO DE FRANCISCO XAVIER E PRISCA SCHAIDER BOENI
1.         Francisco Xavier Boeni (Franz Xaver), nascido em 19/09/1841, em Moehlin, Aargau, Suíça (Switz), casou-se em 15/08/1868, na Igreja Nossa Senhora do Amparo,  ES, com Prisca Schaider (Scheider), natural da Áustria, nascida em 15/04/1847, filha de Carlos Scheider e Maria Baumgartner (ambos faleceram em São Vendelino, ele em 18/09/1920 e ela em 08/05/1925).
1.1      Rosa Boeni, nascida em 1869, em Rio Novo do Sul (ES), (*), casou-se 08/05/1890, com Jacob Zimmer, nasc. 21/09/1869, (*), filho de João e Susanna Zimmer (morou em S.Vendelino). 
 
 1.2      Maria Joanna Boeni, nascida em 03/07/1872, em Rio Novo do Sul (ES) (*), casou-se em 22/04/1891, com João Loch Filho, nascido em 1871, (*), filho de João Loch e de Catharina de Backendorf (Cartório de Barão/RS). 

1.3      Francisco Boeni (Franz Böni), nascido em 1873, em Rio Novo do Sul (ES) (*29/12/1913), casou-se em 02/06/1896, com Paulina Zimmer, nasc. 10/04/1880 (*20/11/1958), filha de Bernardo Zimmer (de Luxemburgo) e de Maria Lermenn (morou em Alto Feliz/RS).
 Na foto: Wilibaldo Boeni (filho de Francisco), esposa Anna Welter e filhos: Bruno, Cacildo, João Hermínio, Pio Renato, Maria Lúcia, Francisco e Crescência. 
 1.4      Carlos Boni, nascido em 16/06/1874 (*08/11/1931), casou-se em 27/01/1896 com Bertha Närich (*), filha de Francisco Naehrich e Ignes Schmid (morou em Bela Vista do Fão, Marques de Souza/RS). Família: Rosalina Boni Berud (era casada com Miguel Berud), Carlos Boni Filho (era casado com Olinda Schwambach), Maria Antonia Böni Bottega (era casada com Celeste Bottega); Sentados: Bertha Närich Böni e Carlos Böni (Carl Beni).    

 1.5      Alberto Boeni, nasceu em 1877, morou em São Vendelino (desaparecido por volta de 1894, durante a Revolução Federalista).
1.6 Emília Böni, nascida em 15/09/1880 (*1905), casou-se em 22/10/1898 com Luiz Gonzaga Menzel (*), filho de José Menzel e de Catharina Dresch (Cartório de Barão/RS). 
 1.7      Germano Boeni, nasc. 11/08/1882 (*21/06/1963), casou-se em 14/08/1906, com Anna Zimmer, nasc.17/09/1884 (*19/07/1949), filha de Bernardo Zimmer e de Maria Lermen (morou em Tesouras, Chapada/RS). 
                    Filhos de Germano Boeni: Baldoino, Afonso e Fridolino

  1.8 José Boeni, nasc. 08/10/1884 (*20/10/1961), casou-se em 28/07/1908, com Anna Catharina Zimmer, nasc.  14/11/1887 (*17/07/1930), filha de Bernardo Zimmer e de Maria Lermen  (morou em Tesouras, Chapada/RS).

Sentados: Idalina B. Zimmer, José Boni e Lúcia B. Matjie. Em pé: Ilda B. Johan, Olga B. Johan, Adolfo José Boni e Josefina B. Sturmer.                                          
 1.9      Ernesto Boeni, nasc. 25/12/1887 (*21/09/1979), casou-se em 25/07/1911, com Regina Mathilda(e) Barth, nasc. 13/07/1893 (*28/08/1983), filha de Jacob Barth e Catharina Hansen (morou em Alto Feliz/RS).
Alfonso Jacob, Reinaldo, José Erno, Adelino Sebastião, Olívia B. Marques, Regina Mathilde, Ernesto (filho de Francisco Xavier Boeni) e Anna Lucinda B. Rauber.

 1.10   João Böni, nasc. 26/07/1889 (*08/06/1979), casou-se em 15/10/1911, com Magdalena Welter, nasc. 10/03/1889 (*), filha de João Welter e de Margarida Faht (morou em São Vendelino/RS).
1.11   Jacob Boeni, nasc. 24/01/1891 (*23/04/1957), casou-se em 05/07/1914, com Gertrudes Dries, nasc. 13/08/1897 (*06/09/1982), filha de Jacob Dries e de Gertrudes Schlindwein (morou em São Vendelino/RS).          
    Pesquisa realizada em arquivos históricos, cemitérios, internet e Cartórios por: Jaqueline Boeni, de São Vendelino (pós-graduada em História),  Rosa Maria B. Kaspary (advogada, jubilada PJ) Alto Feliz e Carina Boeni de Chapada/RS. 

domingo, 16 de julho de 2017

PADRE JESUÍTA MIGUEL KELLNER



                                     (Escrita do Pe. Kellner - registros de 1871) 
                          Homenagem Póstuma ao Pe. Jesuíta Michael Kellner    

O Padre Jesuíta Miguel Kellner veio ao Brasil em 1849, recém formado pela Faculdade de Teologia de Munique da Baviera (Alemanha), atuou de 1849 até 1863 em São José do Hortêncio/RS, como Padre adjunto do Pe. Jesuíta Sedlak. Era um coadjutor jovem, apto para a missão, por isso foi destinado  para atender as capelas mais longínquas do Vale do Caí e Encosta da Serra. Visitou as capelas a cavalo, por estradas de chão perigosas e muitas vezes lamacentas, enfrentou intempéries, frio,  animais selvagens e em suas andanças fez amizade com indígenas.
De 1863 a 1870, foi padre vigário da “freguesia” de São José do Hortêncio. De 1866 a 1869, cumulou os cargos de vigário e de  Superior dos Missionários Jesuítas do Sul do Brasil. Em 1871 foi nomeado primeiro Vigário de Montenegro, cargo que exerceu até 1879.
À época, havia carência de padres preparados para o ofício de coadjutor, pois além da capacidade de entender e falar diversos idiomas, precisavam ser corajosos para andar por estradas cercadas pelo mato, ter habilidade e resistência física para encarar longas distâncias a cavalo, bem como saúde estável para enfrentar o frio e as intempéries. Na qualidade de padre vigário, oficiou ao seu superior, Dom Sebastião Dias Laranjeira, bispo de Porto Alegre, solicitando o suprimento de vagas de coadjutores para locais de difícil acesso, em especial à Encosta da Serra, habitada por imigrantes germânicos, italianos, austríacos, suíços, poloneses e sírios.
       Em 01 de agosto de 1874, o Pe. Miguel Kellner noticiou ao seu superior sobre o alastramento da varíola na região, principalmente entre os índios. Referiu a necessidade do exercício da caridade e da ajuda espiritual. As pessoas, que não haviam se contagiado com o vírus, evitavam sua aproximação dos enfermos e dos que pereceram. O Vigário justificou também, que os indígenas “ficaram só ao cuidado do padre, abandonados de quase toda ajuda humana. Deus faça frutificar tantos atos de bondade e misericórdia realizados”.1
      Padre Miguel Kellner também recepcionou as levas de imigrantes italianos, que aportaram em Montenegro, a partir de 1874. Em 01 de agosto de 1876, ainda na qualidade de pároco, redigiu outra correspondência ao seu superior, manifestando compaixão e preocupação com o isolamento, para colônias distantes, de cerca de 300 imigrantes europeus, do Tirol meridional, Suíça francesa e Itália, maioria católicos. Referiu, que o grupo permaneceu na praça da matriz de Montenegro, durante quatro meses (aguardando a liberação dos lotes da região de Garibaldi e Bento Gonçalves). Nesse interregno, foram assíduos frequentadores das missas. “Lamentamos muito que foram para regiões incultas e longínquas para derrubar mato. Às vezes eles vem de lá, com grandes sacrifícios”.2
       Na qualidade de Padre vigário, participou de missas especiais e  festivas. O escritor Campos Neto, autor da obra “Montenegro”, registrou detalhes de uma missa festiva de crisma, ocorrida em 1873, na Capela Nossa Senhora da Purificação de Bom Princípio, capela pela qual Pe. Kellner respondia como pároco. No início da solenidade uma tropa de mais de sessenta cavaleiros tocavam diversos instrumentos musicais, enquanto cavalgavam. Os fiéis conduziram Dom Sebastião Dias Laranjeira, bispo de Porto Alegre, juntamente com Padre Kellner, à luz de archotes, até a capela para a celebração da missa solene, que foi acompanhada pelo coral da comunidade. Já dentro da igreja, “que de longe parecia toda em fogo, ouviu-se muitos tiros de uma peça de artilharia sem carreta, que os mancebos da colônia carregavam de munição”.3
Em 1880, com 57 anos de idade, Padre Kellner voltou ao cargo de coadjutor, em São Sebastião do Caí, com a missão de atender as capelas da encosta da serra. Para ficar mais próximo da região colonial, fixou residência na Estação Missionária, junto a Capela da Purificação de Bom Princípio.
Exerceu a antiga atividade por pouco tempo, pois no dia 02 de janeiro de 1883, após as confissões realizadas na Capela de Picada Cará (Feliz), deslocou-se a Bom Princípio, a cavalo, para cumprir outra sessão de confissões. Ao realizar a travessia, próximo ao “passo” do Selbach não conseguiu vencer a correnteza, resultando em sua morte trágica. No  local, entre Escadinhas (Feliz) e Bela Vista (Bom Princípio), foi edificada uma placa de concreto em sua memória. 
Na história do Vale do Caí, há dois registros de afogamentos de jesuítas. O primeiro a sucumbir nas águas do rio Caí foi o Pe. Miguel Kellner (Michael), em 1883, reverenciado na capela Bela Vista e o segundo afogamento ocorreu em 1895, vitimando o Pe. João Batista Ruland (Johann), reverenciado no cemitério da  Capela Santo Inácio de Morro das Batatas/Alto Feliz (RS).



Obs. Após a leitura de um texto sobre os jesuítas do RS, onde foi mencionado o Padre  Miguel Kellner como coadjutor, sem mais referências, passei a pesquisar para saber mais sobre a vida dele. Foi gratificante, pois nessas pesquisas descobri que meus bisavós e trisavós contribuíram com suas habilidades, adquiridas na Europa, para a instalação dos pioneiros imigrantes do Vale do Caí e Encosta da Serra: meu bisavô materno (Capitão Wenceslau Wartha), austríaco, foi capitão da guarda nacional de Montenegro e Garibaldi e subintendente de São Vendelino; meu bisavô paterno (Jacob Barth), filho de imigrantes alemães, carreteiro, auxiliou na condução de mercadorias e bagagens dos imigrantes italianos, do Porto Guimarães de S.S. do Caí a Nova Milano/Vicenza; meu trisavô materno (Prof. Otto Frederico Kronitzky), polonês, era professor e dirigente de coral em Bom Princípio e São Vendelino, meu trisavô paterno (Capitão Carlos Scheider), imigrante austríaco, agrimensor imperial, mediu  as terras da Colônia de Rio Novo (ES) e por volta de 1874 mudou-se com a sua equipe a São Vendelino (RS), para a medição dos lotes da terceira colônia (Garibaldi e Bento Gonçalves) para a instalação dos imigrantes italianos e por fim,   entre diversos documentos analisados e obras lidas, constatei, que minha bisavó materna, Catharina “Kellner”, austríaca, era prima do padre Miguel Kellner. Gratidão!

Rosa Maria B. Kaspary
Pesquisadora   

1- SHOHR, SJ, Padre Inácio. Montenegro -  Província do Brasil Meridional da Companhia de Jesus – Paróquia São João Batista. Porto Alegre: BRB, 1895, p.7 e 10.
2- CAMPOS NETTO, José Cândido de. MONTENEGRO. Reeditado em 2014. Montenegro: Irmãos Gehlen, 1924, p.339.
3 -Livro de Batismos nº 1,  Montenegro, Paróquia São João Batista. 
4- Montenegro de Ontem e de Hoje, KAUTZMANN Maria Eunice Müller, 1978.